Por Paulo Alencar
“Já é hora de perceber que o mundo está tentando reverter o privilégio de automóveis em favor de outros meios de transporte mais ecológicos.” - Este comentário a uma notícia de inauguração do recapeamento e pavimentação do acostamento feito pelo Governo do Estado no acesso à Praia do Francês me deu forças para tecer algumas considerações ao que considero uma grande marcha na contramão do bem-estar da humanidade (principalmente a brasileira).
Afinal, para que o automóvel? Pergunta a qual todos responderiam de pronto e com muita convicção: para servir ao homem. Lógico! Mas, será que esta maravilhosa máquina está mesmo nos prestando um bom serviço?
Vamos analisar o uso do automóvel nas grandes cidades ou mesmo em cidades de porte médio. Em primeira análise verificamos que essas confortáveis e possantes máquinas trafegam, na sua grande maioria, com um ou dois ocupantes no máximo. Isto significa a ocupação de um espaço na malha urbana que se substituída por um meio de transporte coletivo serviria a um número certamente não inferior a quatro vezes mais pessoas a serem transportadas pelo mesmo percurso.
Continuando nossas conjecturas e diante desse argumento ouviríamos com toda ênfase a contestação: no transporte coletivo não teríamos o mesmo conforto e a mesma rapidez! Não duvido. Apenas lanço outra indagação: com o número crescente de pequenos veículos, numa ascendência geométrica a circular nas vias urbanas, o conforto e a rapidez não estarão fadados a, em breves dias, se tornarem piores que no nosso escasso e desconfortável ônibus de hoje?
A contramão do bem-estar advém da acomodação, para não atribuir outros escabrosos adjetivos aos nossos mais espertos planejadores e administradores públicos que preferem investir bilhões em vias, que servem mais aos carros, do que gastar talvez um pouco menos na implantação e ampliação de novos meios de transportes coletivos rápidos, confortáveis e disseminados pelos quatro cantos de nossas cidades. Este sim seria o grande “ovo de Colombo” que serviria para escaparmos dos constantes e intermináveis engarrafamentos, crescentes em total desigualdade com os investimentos para melhorias no sistema viário. Escaparíamos dos engarrafamentos e, consequentemente, dos males a que estamos sendo submetidos pelo estresse do dia-a-dia dentro de automóveis parados nas ruas da cidade.
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