terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Poder da Mutação

Por Paulo Alencar


Sou uma pessoa observadora, principalmente no tocante ao comportamento dos seres humanos. E uma das características que tem me chamado mais a atenção é o poder de adaptabilidade dos homens. No meio político essa adaptabilidade parece alcançar patamares elevados, a ponto de possibilitar a algumas pessoas, em curtíssimo espaço de tempo, mudanças ideológicas radicais. Existem aqueles que denominam essa maleabilidade de conveniência... ou seria o inverso? Não importa! O importante são as mudanças de posicionamento filosófico, ideológico e comportamental desses homens públicos que fazem com que o restante dos cidadãos, observadores e participativos como eu, fique um tanto desconcertado e sem o necessário rumo para sua vida. Mas como essas mudanças têm se constituído hábitos normais deveríamos também nos moldar aos novos costumes e aceitá-los também como normais, mesmo que isso nos custe ficar a deriva, sem aquelas posições seguras, firmes e bem fundamentadas que deveriam nos nortear.
Outra forma de mudança comportamental comum é a que ocorre com os que galgam posições de poder, em especial em cargos públicos. Pessoas simples, afáveis e simpáticas conseguem ser contaminadas pelo vírus do poder a ponto de permitirem que este transitório poder lhes embote a inteligência. Nesses homens, mais que a ambição pelo vil metal se sobrepõe uma aparente necessidade de mando. O poder do domínio parece se tornar obsessão, cruel, desumana às vezes, e até desprovida de inteligência em outras. A necessidade de se sentir o “todo poderoso” leva alguns homens públicos, na avidez de demonstrar seu poderio, a cometerem atos insanos que podem os levar ao declínio. E é nesse ponto que minha perplexidade se exacerba não me deixando acreditar que pessoas, a quem antes julgava inteligentes, adotem medidas tão desatinadas lhe conduzindo por caminhos deprimentes e certamente de autodestruição. Medidas sem objetivo e que só resultam em decepções, revolta e asco. Essas mesmas pessoas, pela ilusão da onipotência e pela necessidade de continuarem se sentindo cortejadas, passam a cobrar ou comprar a admiração e amizade de seus súditos, não percebendo que incutida a essa superficial resposta possa residir recôndita a falsidade, o desprezo ou mesmo a ira.
E o sentimento que me aflora em relação a esses, homens públicos muito em voga, diga-se de passagem, além da decepção, é de pena e compaixão. Que Deus os ilumine.

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