Não é o voto eletrônico, mesmo com a identificação digital do eleitor, que garante a lisura do processo eleitoral brasileiro. Quando se constata a invasão e violação de dados em órgãos vitais do país mais importante do mundo, fica difícil conceber que o sistema de uma republiqueta tupiniquim seja infalível. O nosso processo eleitoral é sim, cheio de falhas, principalmente quando se verifica a cultura do “tirar proveito do momento” incutida na cabecinha, um tanto vazia, da grande parte do eleitorado. É a captação ilegal de sufrágio, a famosa venda de votos, que capitaneia os passos da eleição forçosamente baseada em orçamentos astronômicos e transforma o processo numa inevitável jornada pelos caminhos da corrupção. Matematicamente é impossível que um candidato consiga, ante os milhões empregados, repor as despesas eleitorais com seus próprios salários e benefícios legais. Fatalmente terão que recorrer aos mecanismos das propinas entre políticos e financiadores privados para não ficarem no prejuízo.
Poderíamos ousar afirmar nesse emaranhado de irregularidades que o maior culpado na corrupção no meio político é o eleitor. Ao se vender por migalhas participa ativamente da putrefação do sistema e contribui para a supressão de direitos públicos, seus e de seus familiares. Por outro lado a impunidade de ambos, corruptor e corrupto, alimenta o processo que atinge toda sociedade e a bola de neve aumenta a cada eleição.
O voto facultativo seria a grande evolução no processo eleitoral brasileiro e poderia servir como carro chefe de uma grande reforma eleitoral. Outras medidas poderiam redimensionar o nível da corrupção nivelando-a a patamares digeríveis, já que eliminá-la seria utopia. O fim da reeleição nos cargos executivos, o estabelecimento de limites para a reeleição no Legislativo, como ainda a extinção dos suplentes pré escolhidos e da imunidade parlamentar para crimes comuns seriam medidas que certamente dariam um novo rumo ao meio político e às eleições no Brasil. Sonhar ainda é possível.
Paulo Placido
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