Brasília, cidade imaginada no século 19 quando o Brasil ainda era colonial e gerada em clima de turbulencia por quase uma década, tem sido palco de tantos e tão importantes acontecimentos do nosso Brasil. Com a ideia de escolher um local onde "ficaria a corte livre de qualquer
assalto de surpresa" e acomodaria o "excesso da
povoação vadia das cidades marítimas e mercantís" (segundo registro de aproximadamente 1740) aventou-se inicialmente a possibilidade de transferir a sede da coroa para alguma das vilas progressistas de Minas Gerais. Aliás, essa ideia parece ser atual, com a única diferença de os
assaltos de hoje não serem mais surpreendentes e a
povoação vadia não ter origem apenas nas cidades marítimas, mas alí se acumulam e se misturam entre inúmeros cidadãos de bem e trabalhadores que povoam a atual sede da ainda
coroa (só não mais a portuguesa).
Alguns anos mais tarde (por volta de 1823) José Bonifácio chegou a sugerir que a nova capital fosse chamada de Petrópolis ou Brasília, o que virou lei em 1891 com a definição da Comissão Exploradora do Planalto Central. Foi o amigo de Pedro II, o astrônomo belga Luiz Ferdinand Cruls, que a frente dessa comissão, realizou um estudo mais detalhado da região ficando registrado o resultado em 1922 num mapa do Brasil com a inclusão da área então chamada de "quadrilátero Cruls".
No entanto, foi só em 1954, no governo do Presidente Café Filho, que surgem Niemeyer (arquiteto), Lúcio Costa (urbanista), Joaquim Cardoso (calculista) e posteriormente Burle Marx (paisagista) que, sob o comando do marechal José Pessoa, compondo a Comissão de Localização da Nova Capital Federal. E, graças à visão de futuro, determinação e espírito emprendorista de Juscelino Kubitschek, a cidade foi erguida entre 1956 a 1959.

E é nesse "célebro das altas decisões nacionais" (incluindo as mais espúrias) que chegamos, eu, minha esposa e meu caçula, sendo recebidos por meus filhos que aqui residem. Circulando por suas avenidas ficamos, como sempre que aqui voltamos, boqueabertos com a suntuosidade, funcionalidade de seu traçado e arquitetura escultórica, inovadora e bela, hoje emolduradas por uma vegetação cada vez mais exuberante antes inexistente. Todo esse cenário até nos faz esquecer que aqui também se escondem, em meio a uma grande leva de pessoas conscientes, politizadas, trabalhadoras e honestas (verdadeiros brasileiros) um balaio de embusteiros que aí estão por serem escolhidos por um outro brasil formado de ignorantes, despreparados ou até ingênuos eleitores que trocam sua maior arma por esmolas (infelizmente ainda a maioria dos eleitores).
Ainda tenho a esperança, no entanto e enquanto vivo, de aqui constatar uma outra realidade que certamente seria aquela idealizada por JK, Niemeyer, Lucio Costa entre outros que participaram da concepção de Brasília.
Paulo Placido
muito interessante!
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