Sempre encarei a política como uma arte. Arte onde a dedicação, o desprendimento e o humanismo compunham os predicados indispensáveis a quem a pratica. Evidentemente que esses predicados estariam atrelados à seriedade e honestidade, componentes obrigatórios a todo ser humano.
Andei envolvido no meio político por vários anos, oportunidade em que testemunhei todo processo degradatório desta arte. Lutei muito, junto a companheiros que comungavam do mesmo pensamento, para tentar dar um freio à escalada de corrupção que presenciava, ao menos no processo eletivo de seus pretensos participantes. Na nossa ingenuidade acreditávamos que poderíamos convencer o eleitor a não se deixar levar pelo canto da sereia e não aceitar o suborno que lhes estavam sendo oferecidos pelos candidatos corruptos. Fazê-los crer, ante a possibilidade de minorar o sofrimento, mesmo que temporariamente, que as vantagens que lhes disponibilizavam não deveriam ser aceitas, era improvável. Pensávamos, então, na possibilidade de convencê-los a aceitar o suborno, mas escolher o candidato que lhe parecesse mais confiável. Ledo engano mais uma vez. O humilde e rude eleitor não encarava o ato de receber suborno errado, afinal era a oportunidade que eles tinham para “usufruir da política”. No entanto faltar com a palavra sim era gravíssimo e inconcebível em sua formação. E a alternativa tentada foi por água a baixo mais uma vez.
Penduro as chuteiras, portanto, sem mais querer enveredar por uma batalha que vislumbro hoje sem resultado. O desestímulo é acentuado principalmente ao ver velhos companheiros abandonando os ideais, hoje corrompidos e abraçando o que antes repudiavam. É frustrante ter que assistir a tudo sem nada poder fazer. Convencer não trás resultados positivos, aplicar a legislação não tem mostrado resultados, pois inexiste punição do eleitor envolvido. Punir os políticos tem acabado em pizza. Ter consciência que tudo que foi feito resultou na mais perfeita inocuidade, nos leva a que?
Parece insano, mas só me ocorre que me empenhar numa campanha para enaltecer e reforçar a corrupção eleitoral seria a saída que inspira melhores resultados. De acordo com a conhecida máxima de Maquiavel, “se não podes com o inimigo, te junta a eles”. Como mudar o que parece já estar arraigado fica impraticável, creio que o melhor é buscar convencer o eleitor que o seu voto é valoroso e que o político está hoje lhe pagando muito pouco por ele.
Na recente eleição o voto alcançou a casa dos 150 reais. E o que representa 150 reais para o eleitor ter o trabalho, por ser obrigado, de ir votar? O que representa 150 reais para se perder um dia “ajudando” pessoas que nunca viu e com a certeza de que, pelo menos nos próximos quatro anos, não verá novamente? Por que se submeter ser chamado de corrupto, ou pior, de burro por vender sua consciência por tão pouco? O voto vale mais e muito mais. Portanto, caro eleitor, exija dos políticos muito mais que esses míseros 150 reais. Eles não tirarão do próprio bolso o que empregam na comprar de seu voto. Essa dinheirama é mesmo nossa e, sabendo que não serão mesmo empregadas em saúde, educação, segurança e infra-estrutura que pelo menos sirva para recompensar melhor o voto de que eles tanto precisam. Vamos cobrar bem mais aos políticos e eles que se virem para conseguir o dinheiro, ou desistam dessa prática e voltem para uma política mais honesta.
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