No dia 20 de fevereiro ainda estivemos juntos.
Logo após o café da manhã ele foi dar sua volta habitual e logo voltou para ficar ao nosso lado.
Às nove horas tivemos que ir para Maceió, eu, minha esposa e minha filha Amanda Morena, para realizar uma cesariana em uma cadelinha e por volta das onze da manhã já estavam de volta.
Quando chegamos em casa o Senhor Lalinha estava no portão nos esperando. Alias isto sempre acontecia. Sempre quando chegávamos, lá estava ele sentado ou em cima do muro. Ao avistar-nos vinha em nossa direção com aquele seu andar lento e soltando seus sons indicativos de contentamento e enroscava-se em nossos pés até que a minha filha o pegasse no colo. E olha que ele pesava mais de cinco quilos.
Na hora do almoço do dia 20 ele ainda estava conosco. Sempre estava!
Se era hora de dormir, ele ficava na porta, se era hora de levantar ele já estava nos esperando e se não levantássemos começa a nos chamar. Se estávamos cuidando do jardim, ele estava lá. Parecia um carrapato sempre grudado em nós.
O Senhor Lalinha apareceu em nossa casa há cerca de três anos. Os cachorros estavam latindo demais e quando fomos ver o que estava acontecendo eles correram para o coqueiro mostrando que havia algo diferente.
Ele estava lá encima. Parecia mais com um sagüi. Tinha aproximadamente um mês e meio. Seu pelo cinza bem escuro na camada superior com as pontas pretas e por baixo cinza claro, quase branco. Olhos bem vivos castanhos escuro. Os cachorros adoraram o novo brinquedo e viviam passeando com ele em suas bocas e era comum que dormissem juntos.
A Fernanda, minha esposa, a cada quinze dias dava banho no Senhor Lalinha e a Morena era a responsável pela secagem de seus pelos. Quando elas sentavam no sofá da sala, podia esperar que ele vinha rápido para deitar em seus colos.
Nunca houve qualquer reação de descontentamento por parte dele, nem quando a Moreninha o carregava de ponta cabeça segurando-o pelas pernas. Nem um arranhão e muito menos alguma mordida foi dada em qualquer um de nós.
Algumas vezes ele saia de madrugada e trazia uma ratazana, um preá ou um passarinho deixando na porta do quarto. Não os comia mas era assim que agia para nos presentear.
Bem, desde o dia 20, a tarde, que o Senhor Lalinha desapareceu. Pensei que tivesse sido por medo de tomar vacina, já que era dia de vacinar todos os cães e gatos aqui de casa. Só faltou ele.
Mas voltaria de madrugada como sempre! Não desta vez.
Também não apareceu no dia 21 e o aperto em nossos corações começou a aumentar.
Hoje, dia 22 de fevereiro é aniversário da Morena. Completa seis aninhos e logo ao acordar já perguntou pelo seu gatinho preferido, como ela mesma costumava dizer. “Cadê o Senhor Lalinha? Acho que ele foi passear e não sabe voltar para casa”.
Respondi que logo ele voltaria e fui chorar no banheiro. Minha esposa foi chorar no outro.
E agora? Cadê o Sr. Lalinha?
Ontem já tinha procurado pelos terrenos, na estrada e em outros lugares. Nem sinal do Senhor Lalinha.
Não saiu atrás de gatas, pois era operado! Não quero nem pensar na possibilidade de veneno de rato ou que alguém tenha assassinado o pobre gatinho, ou ainda que ele tenha sido vitima de algum cachorro violento digno representante da covarde agressividade de seu dono! Ele não merecia isto. Era só um bichinho de estimação, muito querido por todos lá de casa, inclusive pelos cachorros e também por muitos clientes que ao chegarem eram recebidos por ele.
Será que alguém levou o nosso gatinho embora? Ele era manso demais e também muito carinhoso. É possível! Pode ser que alguém o tenha levado. Era só um vira-latas, mas muito bem cuidado e muito bonito.
O que vamos dizer para a nossa filha quando ela perguntar novamente pelo seu gatinho? E eu sempre achei que nunca iria mentir para a Moreninha!
Um dia vamos contar que ele sumiu e que não sabemos o que foi feito de nosso amiguinho, mas hoje não. Hoje é o seu aniversário e ninguém merece este tipo de presente, muito menos uma criança de seis anos de idade.
Agora só nos resta esperar que o Senhor Lalinha esteja passando bem e que se alguém o levou que o trate com o mesmo carinho que era tratado aqui. Ele era mesmo um gatinho muito legal!
Mas agradeceríamos muito se o trouxesse de volta.
Wagner Mello
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